Hoje, os Estados Unidos da América vivem não somente a crise do coronavírus, mas também um conflito civil focado na questão do racismo que fora silenciada por muito tempo no país. Certamente, outras questões ainda irão surgir e, se os líderes do império norteamericano não aprenderem com a voz do povo, não haverá transformações, mas uma destruição irreparável da nação.
As mudanças que estão sendo exigidas neste momento nos EUA não são políticas, sociais ou econômicas, são mais profundas, são do âmbito da essência humana, da psique coletiva, que funda as emoções, os sentimentos e a realidade da nação e molda o comportamento de cada cidadão: é uma mudança de caráter.
Agora os EUA terão que lidar com seu lado totalitário, radical e segregador, apesar de aparentemente defenderem a liberdade e serem um país liberal. Nada está mais evidente nos Estados Unidos da América do que o seu extremismo, o seu racismo e a desigualdade que o país promoveu por meio da necropolítica.
O Brasil e o resto do mundo não estão ilesos aos acontecimentos dos EUA. Todos devem repensar sua essência, afinal o que provém da essência humana não respeita barreiras geográficas. Cada um deve olhar para seus próprios preconceitos, totalitarismos e tentar mudar de uma forma menos danosa.
A crise, portanto, é planetária. Não se sabe quando a pandemia irá acabar, não se sabe se ela irá voltar, não se sabe como estarão os empregos, o convívio social, a saúde mental da população, etc. E por isso mesmo, é um momento de "virada de chave” global.
Sabe-se que cada um está isolado, descobrindo o que é estar dentro de casa após muito tempo fora dela. É um movimento pendular: empurrou-se demasiadamente o pêndulo para o trabalhar, o conquistar e o progredir e agora parece que o pêndulo voltou para o resguardar, o desinvestir, o regredir.
Esse movimento não aconteceu somente na vida de cada indivíduo, mas na sociedade e nas nações como um todo, e mais uma vez repete-se o que já foi história. Parece que nada foi aprendido. Edgar Morin mencionou outrora que, na história da humanidade, nenhum império sonhou sua queda, nenhum império pensou sequer em crises duradouras; e todos os impérios uma hora ou outra ruíram.
O pêndulo da vida é implacável e única forma de lidar com ele é se transformando a cada movimento.
Autor: Leonardo Torres, 30 anos, analista junguiano, palestrante e doutor em comunicação e cultura.
Sugestão de Leitura + Melhor Preço:
Comments