Recentemente, presenciamos a tragédia que envolveu o jornalista Ricardo Boechat. Uma das maiores polêmicas envolvidas nesse fato foi a prontidão de uma mulher, Leiliane, tentando socorrer o caminhoneiro acidentado enquanto dois homens a filmavam sem pensar em ajudá-la.
Muitos tem associado o fato a uma masculinidade errante, passiva, até apagada e enaltecido o ato da mulher, que, sem dúvidas, foi heroico, sendo chamada até de Mulher Maravilha.
Que é necessário rever o papel do homem e o conceito de masculinidade na sociedade, é de extrema urgência e importância. Mas, a meu ver, existe algo ainda no ocorrido que devemos pensar. E que provavelmente tem afetado mais homens do que mulheres.
Estamos vivendo um sério caso de falta de empatia no mundo. A cada dia queremos mais distância dos outros, menos nos preocupamos com o próximo e menos consideramos o outro como igual. E para piorar, mergulhamos na internet, nas redes sociais, em qualquer espaço virtual, para suprir a necessidade de socializar. Talvez, os aparelhos eletrônicos sejam responsáveis por essa falta de empatia. O espetáculo e o entretenimento tornaram-se mais importantes do que qualquer vida.
Estar em um acidente e pensar primeiramente em registrar o fato, ao invés de ajudar o próximo, é a prova cabal de que a empatia não tem sido presente em nossas vidas. Já Leiliane foi na contramão desse movimento apático. Ela é um exemplo de empatia para a humanidade.
Frans de Waal, pesquisador do fenômeno empatia, afirma que ela é uma característica que garante a sobrevivência de uma espécie. Sem ela, a extinção da espécie é mais fácil de acontecer. E que essa característica provavelmente nasceu no vínculo entre mãe e filho. Portanto, as mulheres são mais empáticas. Juntando essa característica com uma masculinidade errante, não é de se espantar o ocorrido.
A empatia é mais do que se colocar no lugar do outro, pois muitos se colocam no lugar do outro, porém, julgando-os a partir de si mesmos, de seus próprios pontos de vista. Isso não é empatia, mas simpatia. Já empatia é, por um momento, ser o outro. Viver, pensar, sentir as emoções do outro a partir dele mesmo. Isso garante um grau de alteridade e reciprocidade, que se fosse recorrente no mundo atual, não haveria sequer pobreza e, também, nem tanta concentração de riquezas.
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