O Brasil tem vivido atitudes governamentais que no mínimo são curiosas. Não há como negar que a última foi a campanha de abstinência sexual promovida pela ministra Damares, alguns dias antes do carnaval. Sua intenção vale: proteger jovens de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. Afinal, são questões sociais muito urgentes no Brasil. Contudo, o método é um tanto quando equivocado e retrógrado.
Em toda a história da humanidade está mais que provado e comprovado que negar alguma coisa é incentivá-la. Por exemplo, em conventos da Idade Média, momento em que a castidade era altamente obrigatória, aconteciam os mais variados surtos psicóticos e coletivos: freiras, miavam para a lua, encenavam ato sexual para terceiros, entre outras coisas.
Mas não precisamos ir muito longe: basta lembrar dos considerados líderes espirituais e curadores de nossa atualidade, que, por vezes, escondem vários casos de abusos morais, sexuais, etc.. Mas ainda, apesar de alguns considerarem estes casos mais radicais, vale lembrar das crianças: tente dizer "não faça isso" para uma criança de 2 a 4 anos, ela fará exatamente o contrário. No fim, quanto mais se nega, mais o que foi negado cresce.
Uma campanha de abstinência sexual não será diferente. Sem entrar no evidente viés ideológico da campanha, vale entender algumas coisas: primeiro, a necessidade de sexo é natural. Biologicamente falando, seria uma demanda de uma parte de nosso o cérebro, o límbico, responsável pelas emoções, comportamentos sociais e aquela necessidade de se sentir saciado, seja pelo sexo ou pela comida.
Segundo, o ser humano não necessita de proibições, mas de informação. Não seria somente uma campanha de publicidade que evitaria gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis, mas uma campanha social e educacional ampla, que levasse a informação sobre o cuidado com o próprio corpo (afinal corpo não é objeto), sobre as consequências de uma gravidez precoce e das doenças sexualmente transmissíveis e também de contraceptivos, pontualmente, de casa em casa, de escola em escola, para formar a mentalidade e o comportamento da população. Uma campanha neste grau já tem sido feita, por exemplo, na Finlândia, e parece que os resultados tem sido favoráveis.
O ser humano não precisa de negações, mas de informações que ampliem a consciência do indivíduo, do grupo, do bairro e da sociedade, como um todo. Somente com consciência de seus atos é que o ser humano será capaz de tomar decisões em prol de si e dos outros. Somente neste caminho é que nós conseguiremos alcançar os objetivos sociais/políticos. Isso vai desde campanhas sociais até na hora de votar. E isto é um perigo para quem quer manipular pessoas. Quem pensa não corrompe seu voto. Somente com consciência existe transformação.
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