Os números da OMS já mostram que nos últimos 70 anos o índice de suicídio no mundo cresceu 62%. O fato é que a cada dia mais pessoas estão cometendo suicídio e isso é alarmante. Porém, não podemos somente olhar com compaixão e pena desses indivíduos.
O suicídio é um fenômeno último que lida com o maior temor do ser humano: a morte.
O suicídio, de certa forma, é escolher pela morte. É ter a hipótese de que o nada ou qualquer coisa é melhor do que o que estamos vivendo agora. Muitos vão discordar de mim afirmando que cometer suicídio não é uma escolha racional ou consciente, que seria um ato único que o indivíduo encontra de acabar com o sofrimento. É verdade, mas consciente ou inconscientemente, há aí uma escolha. Uma perspectiva unilateral humanista só atrapalharia na tese que estou propondo aqui.
Sem qualquer pena, “coitadismo” ou vitimismo, se olhássemos para o suicídio atual como uma escolha qualquer, veríamos que o problema não está nos diversos estados psicológicos que levam o indivíduo a cometer tal ato. O problema é psicopompo, ele está entre o mundo interno (da mente humana coletiva) e o mundo externo (de como estamos vivendo e convivendo na sociedade).
Quem escolheria viver em um mundo que está morrendo? A usurpação da Terra pelo ser humano com certeza influencia nos números de suicidas. Já dizia o cacique Seattle “Tudo o que fizer com a Terra estará fazendo com os filhos da Terra”. Esse ritmo que destrói a Terra também prejudica toda a humanidade. As sociedades vivem em um ritmo megalomaníaco. O trabalho é paranoico, ininterrupto e abusivo. Os transportes públicos estressantes e irados. O consumo é desenfreado e obsessivo.
Cada vez mais e mais pessoas trabalham em um emprego que não gostam para pagar infinitas contas que fizeram. Para corroborar com isso, os bancos ajudam com os juros. Daí consumismos, ostentamos, publicamos nas redes sociais e fugimos para elas. E no fim? Os números de curtidas, comentários e compartilhamentos são um pouco menos vazios que os corações de quem os recebeu.
No fim, este estado do mundo de fora também reflete o mundo de dentro. Perdemos o sentido de viver. Sentido, neste caso, como sinônimo de caminho. O caminho que nos faz viver. Estamos no limbo, no nada. Não sabemos mais contemplar o mundo de fora, muito menos o mundo de dentro, não ficamos mais entusiasmados com quase nada e a ambição de viver resume-se em ganhar dinheiro e ter poder. Pergunto de novo: quem escolheria viver neste mundo?
O suicídio no mundo revela uma profunda crise não só psicológica, mas também ambiental, social, política, econômica, cultural e existencial. E só existe dois caminhos: o da resiliência ou o da extinção.
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