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O Simbolismo da Espada

Atualizado: 2 de mai.

Qual é a simbologia ou o significado espiritual da espada?


Trecho retirado do Dicionário de Símbolos, de Gheebrant e Chevalier


Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado militar e de sua virtude, a bravura, bem como de sua função, o poderio. O poderio tem um duplo aspecto: o destruidor (embora essa destruição possa aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância e, por causa disso, tornar-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a justiça. Todos esses símbolos convêm literalmente à espada, quando ela é o emblema do rei (espada sagrada dos japoneses, dos antigos povos kampucheanos (cambojanos), dos khmers e dos chans, estes últimos conservando ainda o Sadet do Fogo da tribo jaraí). Quando associada a balança, ela se relaciona mais especialmente à justiça: separa o bem do mal, golpeia o culpado.



Símbolo guerreiro, a espada é também o símbolo da guerra santa (e não o das conquistas arianas, tal como pretendem alguns, a propósito da iconografia hindu, a menos que se trate de conquistas espirituais). Antes de mais nada, a guerra santa é uma guerra interior, e esta pode ser igualmente a significação da espada trazida pelo Cristo (Mateus, 10, 34). Além do mais – sob seu duplo aspecto destruidor e criador –, ela é um símbolo do Verbo, da Palavra.



O khitab muçulmano costuma segurar uma espada de madeira durante sua predicação; o Apocalipse descreve uma espada de dois gumes a sair da boca do Verbo. Esses dois gumes relacionam-se com o duplo poder. Podem significar também um dualismo sexual: ou os gumes são machos e fêmea (conforme exprime certo texto árabe), ou as espadas são fundidas ritualmente por casais ou por um casal de fundidores, no decurso de operações que são casamentos (tal como sucede nas lendas chinesas).

A espada é também a luz e o relâmpago: a lâmina que brilha; ela é, diziam os Cruzados, um fragmento da Cruz de Luz. A espada sagrada japonesa deriva do relâmpago. A espada do sacrificador védico é o raio de Indra (o que a identifica ao vajra). Ela é, portanto, o fogo: os anjos que expulsaram Adão do Paraíso tinham espadas de fogo.


Em termos de alquimia, a espada dos filósofos é o fogo do cadinho. Ao mundo dos asura, O Bodhisattva leva a espada chamejante: é o símbolo do combate pela conquista do conhecimento e a libertação dos desejos; a espada corta a obscuridade da ignorância ou o nó dos emaranhamentos (Govinda).


Do mesmo modo, a espada de Vixenu, que é uma espada chamejante, é o símbolo do conhecimento puro e da destruição da ignorância. A bainha é a necessidade e a obscuridade: conceito ligado, certamente, ao fato de que a espada sagrada do Sadet do Fogo dos jaraís não possa ser tirada da bainha por um profano, sob pena dos piores perigos. Em simbólica pura, esses perigos haveriam de exprimir-se pela cegueira ou pela queimadura, sendo que o fulgor ou o fogo da espada só podem ser suportados por indivíduos qualificados.


A espada, além de ser o relâmpago e o fogo, é também um raio do Sol: o rosto apocalíptico de onde sai a espada é brilhante como o Sol (é, efetivamente, a fonte da luz). Na China, o trigrama li, que corresponde ao Sol, corresponde igualmente ao relâmpago e à espada.


A espada é também um símbolo axial e polar: este é o caso da espada que se identifica ao eixo da balança. Na China, a espada símbolo do poder imperial, era a arma do Centro; entre os citas, o eixo do mundo e a atividade celeste eram representados por uma espada fincada no cume de uma montanha. Aliás, a ideia de que a espada fincada na terra possa produzir uma fonte não deixa de estar relacionada com a atividade produtora do Céu.




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