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Foto do escritorLeonardo Torres

Na Pandemia, quando a Ansiedade Visita

A vida de algumas pessoas mudou diante da pandemia do coronavírus. Alguns não estão trabalhando, outros estão fazendo home office, os mais abastados até fugiram da capital e alugaram uma casa no interior. Os menos estão tentando se virar com o que tem, pois a maré da economia não perdoa. Os pensamentos pululam, assim como as emoções, e certamente, a ansiedade pode nos visitar.

Para quem já era visitado pela ansiedade antes da pandemia pode ter percebido uma piora nos sintomas, como respiração ofegante ou falta de ar; palpitações e dores no peito; fala acelerada; unhas roídas; agitação das pernas e braços; tensões no corpo; ânsia, enjoos e vômitos, entre outros.



Toda ansiedade esconde um desejo/necessidade. Como se tivéssemos que pular lances e mais lances de uma escadaria, em um único fôlego, falhar e cair para trás – ansiedade é a sensação vertiginosa e interminável de um milésimo de segundo de colocar os pés no lance de cima da escada e escorregar mergulhando de costas em um vazio inefável.

A melhor forma de entender esse desejo/necessidade é fazendo psicoterapia. Portanto, nenhum artigo irá fazer com que o indivíduo se aprofunde em sua alma da maneira com que uma psicoterapia séria faria. Todavia, existe uma forma de amenizar a ansiedade em meio a essa pandemia. Ela é paliativa pois não tem a pretensão de transformar tal chamado ansioso da alma (que deve ser sim escutado). A dica é: faça uma rotina e crie hábitos.

Com a pandemia os hábitos e as rotinas afrouxaram-se, fazendo com que alguns indivíduos perdessem até a referência de tempo. Estar sem referências do que virá ou do que fazer pode agravar a ansiedade no indivíduo. Quando há uma rotina, o indivíduo acaba por se comprometer a fazer passo a passo do planejado, amenizando o chamado do desejo/necessidade, conquanto, sua ansiedade.

Gustavo Barcellos, em Psique e Imagem, aponta que a ansiedade está intrinsecamente ligada ao arquétipo de Ananké, deusa grega da necessidade e da força constrangedora do destino (p. 30). Ela é mãe das Moiras (irmãs que tecem o destino). Diferente da famosa frase "ansiedade é excesso de futuro", Ananké traz para o indivíduo um devir atemporal (afinal estamos falando de aspectos da psique atemporais). Se o indivíduo ainda não tiver prontidão, ele sofrerá os sintomas mencionados acima, mas se houver prontidão, Ananké se tornará um telos a ser seguido, o desejo transforma-se em vocação – uma voz que aponta o caminho de vida do indivíduo.

Por isso uma rotina é interessante, ela faz com que o indivíduo divida esta vocação, e suba um degrau de cada vez na escadaria, assim não precisará subir lances e mais lances de escada, muito menos ficar ofegante, taquicardia e enjoado, ou melhor, tomado negativamente pela ansiedade.

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