Complexos para Carl Gustav Jung, fundador da Psicologia Analítica
Muitas vezes deparamos-nos com alguém falando pejorativamente de outro: "este aí é complexado(a)" ou "este neurótico(a)" e por aí segue a humanidade... Porém, conhecendo um pouco os estudos de S. Freud e do fundador da psicologia analítica, C. G. Jung, já nos deparamos com a afirmação que todos nós temos Complexos ou Neuroses, e estas são de extrema importância para o nosso viver e conviver no mundo. Por isso, elenquei 5 coisas fundamentais da psicologia analítica sobre os complexos:
1 - Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, denominou, primeiramente, de "Complexo com Carga Emocional" (OC 2): consistem, basicamente, em dois componentes – o grupo de representações psíquicas (imagem) e o sentimento elaborado da imagem pelo indivíduo. Vale lembrar que imagem não significa figura, fotografia, "imagem visual". De acordo com Antônio Damásio imagem é um processo psíquico. Portanto, todos temos Complexos pois elaboramos imagens acerca de tudo o que está a nossa volta. C. Jung discorre várias vezes sobre diversos complexos: de mãe, pai, dinheiro, etc. Para o autor, não se pode categorizar, nem elencar, muito menos quantificar, se não mataríamos o fenômeno do Complexo.
2 - São tanto positivos como negativos, ou nenhum deles: tudo depende de como o "ego" será afetado pelo complexo e o que ele fará com este afeto. Jung aponta que todo complexo possui uma raiz arquetípica, o que pode trazer uma potencialidade destrutiva ou criadora para o indivíduo. E aí, o que farás com seus demônios?
3 - Falando em Demônios: os primitivos conheciam muito bem a ação dos Complexos nos indivíduos, eles chamavam de possessão espiritual, perda da alma, entre outros. Perdemos essa percepção e sabedoria com a modernidade e o crescente racionalismo, que exclui todo o saber irracional e cria um monoteísmo da consciência, ou seja, o "eu" acha que está só e é o rei.
4 - Sobre o "eu", ele também é um complexo: apesar dele estar, ou deveria estar, na centralidade da consciência, "o ego é um aglomerado de conteúdos altamente dotados de energia e, assim, quase não há diferença ao falarmos de complexos e do complexo do ego". Isso significa que o "eu" possui um "pé de igualdade" com os outros complexos? A resposta é sim! Por isso muitas vezes depois de uma briga nos perguntamos: "onde eu estava com a cabeça?", melhor seria "aonde o 'eu' estava nesta hora?"; ou então indagamos "eu estava fora de mim"!
5 - Somos Múltiplos: se o eu é um complexo e todos temos diversos complexos, a noção de "sujeito" para C. G. Jung dá-se na relação com o objeto. Ela não seria então unificada, mas múltipla – "quem em mim escreve este artigo? Quem em você lê este artigo?". Basicamente é: somos sujeitos pois nos sujeitamos a viver e a conviver.
Dr. Leonardo Torres, Analista Junguiano e autor do Livro Contágio Psíquico, lançado em 2021.
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